Na trilha dos bares
No Caracol: comes e bebes e muita música boa
O que atrai num bar? A bebida, a música, a comida, o bartender?
Lugares por SP que têm um pouco de tudo e de tudo um pouco: lá vou eu!
Os coquetéis são, por certo, um grande atrativo. O local, a decoração, a temática e a trilha musical compõem o clima — agradável e cool, ou agitado, dançante, ou descolado, pop. E a comida? Passou também a contar pontos e a desenhar o movimento do público na casa, aqueles que curtem a harmonia perfeita: comes e bebes no mesmo nível de prazer e qualidade.
Empresário e consultor de bares, restaurantes e afins, Alê D’Agostino tem muito a dizer sobre o sucesso de um bar. Ele é sensação no meio, com experiência de mercado, mesa e balcão, seja pelas bebidas que cria ou as que serve. APTK Spirits é a marca que criou para coquetéis engarrafados, os de sua autoria e clássicos do mundo, que fazem sucesso em lojas físicas e na venda online. Alê sustenta, em posts e declarações nas mídias, que o bar é um conjunto complexo, onde o coquetel não necessariamente é o maior atrativo do lugar. Eu vou com ele nessa linha: é preciso que o prazer de estar ali e agora seja o motivo maior.
O Banqueta investe na diversidade dos ingredientes brasileiros no copo, com uma carta de drinques autorais intitulada Raízes do Brasil, assinada pelo bartender e sócio Igor Bauer. O coquetel Sabor da Mata tem soda de cambuci e licor de coco com Gin Bombay Saphire. Odorata é outro, amadeirado e herbal, com Jack Daniel’s Gentleman, Osborne Brandy de Jerez, Amaro e Bitter de cacau com cumaru e óleo de castanha do Pará. As comidinhas acompanham: chips de banana da terra, o boneless, empanado de frango com molho picante. Criatividade e originalidade são a marca nas duas casas — uma na Vila Madalena e a primeira, em Moema, que tem a bartender Erika Mendes no balcão.
Sabor da Mata, autoral do Banqueta
Boneless: frango crocante picante no Banqueta
Mixologistas estão por trás da modernidade dos bares. O próprio termo associado aos criadores de coquetéis é novo, passou a ser usado nos anos 2000. Dry Martini, Manhattan, Negroni, Margaritas e Caipirinhas são imortais da academia, sempre procurados e garantia de público. A inovação vem com o destaque que os profissionais alcançaram ao desenvolver técnicas avançadas de coquetelaria, criando drinques personalizados, ingredientes, novos elementos — xaropes, chás e infusões, bitters. Bento Lautert é dessa turma: um mixologista jovem e vibrante de ideias. Interessado pelas harmonizações, ele assina a nova carta com sete drinques autorais no Carlota, integrando elementos da culinária do restaurante com a coquetelaria.
Steak Tartare e fritas no listening-bar
Os tacos com bochecha de porco do Caracol
A onda é buena. Comida e bebida são um plus no Caracol, que, nas baladas sensacionais que produz, ainda serve menus na mesma altura. O Caracol nasceu na Santa Cecília e há um ano e pouco se mudou para a Barra Funda. Ali estabeleceu com a vizinhança a sua energia sonora de respeito: é som noite adentro e público calçada afora. Os equipamentos importados das discos nova-iorquinas e o line-up eclético e precioso dos DJs asseguram aos frequentadores o melhor para dançar, escutar, curtir na paz, em grupos ou solo. Tudo invenção do DJ e produtor musical Millos Kaiser, fundador do Caracol. A função começa às 19 horas nas quartas; domingos têm matinés — das quatro da tarde às 10 da noite. Na semana, quarta e quinta foram os dias eleitos pelos clientes para aproveitar a gastronomia e toda a experiência sonora da casa, essência do seu estilo, listening-bar. Imperdíveis o steak tartare com azeite de pimentão, gema, aliche e páprica defumada, pareado com fritas; o trio de tacos com bochecha de porco, picles de cebola e coentro e um bolovo de alheira, sequinho, o ovo empanado na alheira, com aioli. Pode pedir drinques e coquetéis, como o Hanah Montana, que vem, sem álcool, com água de coco, xarope de cranberry, limão e espuma de aquafaba. Com álcool, ele se chama Purple Haze, com vodka, Cointreau e clara de ovo.
A música também faz do Rabo di Galo, no Rosewood, uma atração na cena da noite em SP. Jovens talentos da MPB interpretam clássicos internacionais, bossas e jazz, enquanto experimento as margaritas e martinis — acho que ouvi Frank Sinatra cantarolando “One more for the road” agora há pouco...
No Rabo di Galo, elegância nos drinques e na música