Mestres do café
Quem produz, quem torra, quem prepara e traz a xicara perfumada e doce do café especial brasileiro até nós.
Espressos da Café Por Elas (foto Café Por Elas divulgação)
Coado da Baden Torrefação (foto Baden divulgação)
Especialista quer dizer muitas coisas, mas de imediato a definição acende a luz: alguém que entende de um assunto. Conheci especialistas em café e me vi dentro de um outro universo, na galáxia dessa bebida que é das minhas mais queridas.
Há poucos dias, aconteceu no Estúdio Carla Pernambuco o evento chamado Cafesta, sob as bençãos da curadora do espaço Floriana Breyer. Ligada na trend mundial das festas jovens à luz do dia com café ao som de música eletrônica, Luiza Estima pegou essa proposta e colocou em outro nível — e inventou a Cafesta. Luiza diz que não é especialista, mas uma apreciadora do café especial brasileiro que cria experiências com a bebida. Ela faz oficinas de escrita com o café como tema, organiza degustações, promove debates e a expansão da cultura do café. Na Cafesta, juntou música brasileira, arte, gastronomia e muita história, tudo envolvendo o café, oferecendo uma experiência inédita para o público que teve a curiosidade — e o apetite — para conferir. Quem foi aprendeu um pouco mais, pois o que se sabe sobre o café, a segunda bebida mais consumida no planeta depois da água e o grão que faz do Brasil o maior produtor mundial, é quase nada.
Há um infinito de possibilidades.
Entre os filtrados, o coado na V60 é dos mais comuns nas cafeterias (foto Baden divulgação)
Os especialistas do café são aqueles que conhecem e entendem dessa bebida mágica e ainda nos ensinam sobre ela. Ensei Neto é um deles. Engenheiro químico especializado em Tecnologia de Alimentos e Bebidas, consultor para produtores e empreendedores de negócios com café, ele percorre a jornada do grão desde a terra à xícara oferecendo possibilidades de extrair o melhor desse produto. Ensei também é músico e, ligado que é na boa música brasileira, na Cafesta ele assinou a playlist animada por hits e raridades da MPB. Paulo Gabriel é outro. É barista e mestre de torra: ele prepara os cafés, cria receitas e torra os grãos para que possamos saborear a bebida com todas as suas qualidades (tem até receita ao final). Paulo também é coordenador do projeto social Fazedores de Café, que forma jovens para a profissão de barista — ele mesmo o primeiro Fazedor das 10 turmas já concluídas com 90% dos formados no mercado de trabalho.
Paulo assinou as bebidas na Cafesta: espressos, lattes e filtrados, drinques com e sem álcool. Provei o Espresso Tônica com mel e limão, um frescor! E um drinque com licor de café e laranja, pouco alcóolico e muito saboroso. Baristas são especialistas em fazer do café a melhor experiência para o coffee lover, como eu, ou iniciantes e curiosos, como muitos dos que estiveram na Cafesta. O barista é um profissional bastante requisitado no mercado para tirar o espresso perfeito, explicar a bebida, filtrar em diferentes métodos — pode ser aeropress, clever, prensa francesa e tantos mais que vamos pegando o jeito para beber e até preparar com os aparatos em casa.
Um café filtrado na prensa francesa (foto Caio Ferrari para Zel Café)
Os cafés que estavam nas bebidas e comidas da Cafesta foram três: o Zel, de Minas Gerais, o Café por Elas, das irmãs Nadia e Julia, de São Paulo, e a Baden Torrefação, do Rio Grande do Sul. As três marcas representadas pelas próprias empreendedoras na Cafesta trouxeram mais saberes ao momento: o café é mais que um negócio, é a bebida com que escrevemos nosso cotidiano e com a qual construímos conexões, história e sabores.
Ainda não sou uma especialista — provavelmente nem serei — mas o aprendizado foi valioso.
As empreendedoras: Café por Elas, Baden e Zel (foto divulgação)
Irish Coffee preparado pelos baristas do projeto Fazedores de Café com o grão Catuaí da Café Por Elas (foto Café por Elas)
Irish Coffee
Ingredientes
30ml de uísque irlandês
150ml de café coado
5g de açúcar mascavo
10g de creme de leite batido
Modo de preparo
Aqueça previamente a taça com água quente e descarte o líquido.
Adicione o açúcar, o uísque e o café quente na taça. Misture bem até o açúcar se dissolver completamente.
Em uma coqueteleira, bata o creme de leite com uma pedra de gelo apenas para aerar — ele deve ficar leve, mas ainda líquido. Coe para remover o gelo.
Com delicadeza, despeje o creme sobre o café usando as costas de uma colher, para que ele flutue na superfície sem misturar.
Sirva imediatamente — e não mexa!
O charme do Irish Coffee está em beber o café quente por baixo e o creme frio por cima, em camadas.